ATA DA DÉCIMA PRIMEIRA SESSÃO SOLENE DA TERCEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM 13.05.1999.

 


Aos treze dias do mês de maio do ano de mil novecentos e noventa e nove reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às dezenove horas e dez minutos, constatada a existência de “quorum”, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos da presente Sessão, destinada a homenagear o Dia de Solidariedade ao Estado de Israel, nos termos do Requerimento nº 43/99 (Processo nº 785/99), de autoria Vereador Isaac Ainhorn. Compuseram a MESA: os Vereadores Adeli Sell e Isaac Ainhorn, respectivamente, 1º e 2º Secretários da Câmara Municipal de Porto Alegre, presidindo os trabalhos; o Senhor Gerson Almeida, Secretário Municipal do Meio Ambiente, representando o Prefeito Municipal de Porto Alegre; a Senhora Dorit Shavit, Cônsul-Geral do Estado de Israel; o Senhor Mário Eduardo Anspach, Vice-Presidente da Federação Israelita do Rio Grande do Sul, no exercício da presidência, neste ato; o Senhor Bóris Wianstein, Presidente do Conselho das Entidades Judaicas do Rio Grande do Sul; o Senhor Günther Jacob, Cônsul-Geral da Alemanha; o Senhor Walter Seabra, Cônsul da República Dominicana. Ainda, como extensão da Mesa, foram registradas as presenças dos Senhores Maurício Soibelman, ex-Presidente da Federação Israelita do Rio Grande do Sul; Jacob Halperin, membro do Conselho Superior Sionista Mundial; Tenente-Coronel Jandir Leonel Pires, representante do Comando Militar do Sul; Ghedale Saitovitch, Presidente da Organização Sionista do Rio Grande do Sul; Israel Lapchik, Presidente do Conselho de Cidadãos Honorários de Porto Alegre; Lúbia Zilberknop, Presidenta da Na’Amat Pioneiras; Roberto Schotkis, Presidente do Clube Hebraica; Izack Stifelman, Diretor Financeiro da Sinagoga União Israelita Porto-Alegrense; Ester Lerrer, Zeida Bacaltchuk e Anita Soibelman, representantes da Wizo; Ilse Wofchuk, representante do Colégio Israelita; Rabinos Mendel e Ruben Najmanovich; Iehuda Gitelman, Guia Espiritual da Sinagoga Centro Israelita; Guershon Kwasniewski, Líder Religioso da SIBRA; Zoé Zinger Kvitko, representante da Aliança Feminina Sionista. Após, o Senhor Presidente convidou a todos para, em pé, ouvirem à execução do Hino do Estado de Israel e do Hino Nacional Brasileiro, executados pela “Fanfarra do Comando Militar do Sul”, regida pelo Subtenente Lazarino e pelo 1º Sargento Dietrich. Em continuidade, concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Vereador Isaac Ainhorn, em nome das Bancadas do PDT, PTB, PSB e PPS, destacando que a Casa presta anualmente uma homenagem ao Estado de Israel, discorreu sobre a história do povo judeu, analisando, em especial, o significado da inserção do Estado de Israel no contexto global de transformações pelos quais a humanidade passa. O Vereador Adeli Sell, em nome da Bancada do PT, teceu considerações acerca do processo de independência do Estado de Israel, há cinqüenta e um anos, lembrando as perseguições sofridas pelo povo judeu na busca de seu Estado e salientando que a Casa presta homenagens constantes ao povo dessa Nação. O Vereador João Dib, em nome da Bancada do PPB, PSDB e PMDB, destacou a solidariedade de Osvaldo Aranha ao povo judeu por ocasião da constituição do Estado de Israel, há cinqüenta e um anos, e, referindo-se aos conflitos armados hoje existentes no mundo, afirmou sua convicção na solução destes conflitos por vias pacíficas e não pela guerra. Após, o Senhor Presidente concedeu a palavra à Cônsul-Geral do Estado de Israel, Senhora Dorit Shavit, que discorreu acerca da importância, para o povo judeu, da criação do Estado de Israel e agradeceu a homenagem prestada pela Casa. A seguir, o Senhor Presidente convidou a todos para, em pé, assistirem à execução do Hino Rio-Grandense, agradeceu a presença de todos e, nada mais havendo a tratar, declarou encerrados os trabalhos às vinte horas, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Adeli Sell e Isaac Ainhorn e secretariados pelo Vereador Isaac Ainhorn. Do que eu, Isaac Ainhorn, 2º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelos Senhores 1º Secretário e Presidente.

 

 

 


O SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): Estão abertos os trabalhos da presente Sessão Solene, destinada a homenagear o Dia de Solidariedade ao Estado de Israel.

Convidamos para compor a Mesa o Representante do Sr. Prefeito Municipal, Sr. Gerson Almeida, Secretário Municipal do Meio Ambiente; a Sra. Dorit Shavit, Cônsul-Geral do Estado de Israel; o Sr. Mário Eduardo Anspach, Vice-Presidente da Federação Israelita do Rio Grande do Sul, no exercício da presidência, neste ato; o Sr. Bóris Wianstein, Presidente do Conselho das Entidades Judáicas do RS; Sr. Günther Jacob, Cônsul-Geral da Alemanha; o Sr. Walter Seabra, Cônsul da República Dominicana.

Convidamos todos os presentes para, em pé, ouvirmos o Hino do Estado de Israel e o Hino Nacional Brasileiro, que serão executados pela Fanfarra do Comando Militar do Sul, regida pelo Subtenente Lazarino e pelo 1º Sargento Dietrich.

 

(Executa-se o Hino do Estado de Israel e o Hino Nacional Brasileiro.)

 

Anunciamos a presença dos Vereadores João Dib e Isaac Ainhorn.

O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra e falará em nome da sua Bancada, o PDT, e das Bancadas do PTB, PSB e PPS.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Com satisfação, registramos também a presença importante do Presidente do Conselho de Cidadãos Honorários desta Casa, Dr. Israel Lapchik; do Sr. Rabino Mendel e dos guias espirituais Iehuda Gitelman e Guershon Kwasniewski; do Dr. Jacob Halperin, Membro do Conselho Superior da Organização Sionista Mundial; do Sr. Maurício Soibelman, ex-Presidente da Federação Israelita do Rio Grande do Sul; Dr. Roberto Schotkis, Presidente do Clube Hebraico; Dr. Ghedale Saitovitch, Presidente da Organização Sionista do Rio Grande do Sul e guia espiritual; Ruben Najmanovitch, da Sinagoga União Israelita.

Um agradecimento especial, neste momento, além das Pioneiras que se fazem aqui presente, à Sra. Lúbia, bem como à representante da Wizo; Sra. Cecília Soibelman. Nós queríamos fazer, também, um agradecimento especial à “Fanfarra do Comando Militar do Sul”, regida pelo Sub-Tenente Lazarino e pelo 1º Sargento Dietrich. E, também, ao Sargento Rudimar, em especial ao Tenente Português, que representa a Corporação, que me dizia da satisfação que a “Fanfarra do Comando Militar do Sul” tem de vir anualmente a esta Casa executar o Hino do Estado de Israel, o Hatikva, que aprenderam, como tivemos oportunidade de ver nesta Sessão Solene. É uma honra muito grande, um agradecimento à “Fanfarra do Comando Militar do Sul”.

Isso se integra exatamente às homenagens que esta Casa promove anualmente por força de uma Lei Municipal, promulgada no ano de 1991, “O Dia de Solidariedade ao Estado de Israel”. O Ver. João Dib é sabedor bem disso, com 28 anos de mandato, mais antigo Vereador, em termos de número de anos, no exercício do mandato de Vereador, que esta Casa, desde a Independência do Estado de Israel, no ano de 1948, celebra, anualmente, uma Sessão Solene em homenagem ao Estado de Israel. É uma forma singular de reconhecimento e de expressarmos essa solidariedade - e há pouco nos perguntavam em uma entrevista para a TV - pela peculiaridade desse Estado de que, hoje, comemoramos o 51º aniversário de sua existência, mas que tem uma trajetória de dois milênios na sua história. A sua singular e curiosa performance dá, exatamente, essa situação peculiar.

Mas há cinqüenta e um anos era declarada a independência do Estado de Israel. Meses após, a célebre Sessão das Nações Unidas estabelecia, em novembro de 1947, a partilha, criando o estado judeu e o estado árabe. Tivesse havido a compreensão e a sensibilidade dos homens públicos, sobretudo dos homens públicos árabes que conduziam aquele processo dos países vizinhos, não teríamos uma trajetória com tantas incompreensões nesse processo de retorno dos judeus aos seu solo, ao seu lar nacional, Israel.

Esta Casa que V. Sa. tão bem conhece, por tantas vezes esteve aqui na sua trajetória de Cônsul do Estado de Israel para a Região Sul, porque é assim que nós sentimos a sua presença. Recebemos V. Sa. de forma calorosa, como representante do Estado de Israel no Sul do Brasil, em São Paulo, no Paraná e em Santa Catarina e, especialmente, para o Rio Grande do Sul, onde V. Sa. teve um papel tão significativo na ação de representação do Estado, na busca da integração cultural, comercial, estreitando laços do Estado de Israel com o Estado do Rio Grande do Sul. Para nós, este é um momento de tristeza e também de alegria, porque V. Sa. retorna ao Estado de Israel para novas ações. E de tristeza para nós porque a convivência com V. Sa. será mais escassa, mas creia, Sra. Dorit, que a senhora deixou uma marca muito profunda na comunidade judaica do Rio Grande do Sul, na comunidade rio-grandense e na representação política e empresarial deste Estado que tão bem aprendeu a lhe respeitar e a reconhecer as suas qualificações e as suas habilidades na representação do Estado de Israel nesta região. Portanto, é também um momento de tristeza, porque é de separação. A senhora vai para o exercício de novas e importantes missões da função que elegeu como opção para a sua vida de atividade profissional.

Nós, aqui nesta Casa, nos orgulhamos, todos nós, com a representação política, uma Casa cuja existência é anterior à própria municipalidade, porque ela tem 227 anos e, aqui, no ano de 1996, nós comemoramos, Dr. Mário Asnpach, a singular situação de homenagem a uma cidade que tem três mil anos de existência. Aqui, na Sessão Solene de 14 de maio, nós inscrevemos de forma permanente nesta Casa a homenagem a uma das mais antigas cidades da história da humanidade: Jerusalém; centro espiritual de três religiões: Islamismo, Cristianismo e Judaísmo e que é capital eterna do Estado de Israel. É esta a nossa visão, é esta a compreensão que temos de Jerusalém. A solidariedade desta Casa se dá na exata compreensão da homenagem que em 1996 foi feita aos três mil anos de Jerusalém e à singular situação também de que na parte fronteira à Câmara Municipal de Porto Alegre temos o Bosque Yitzhak Rabin em homenagem a uma figura que se constitui na história do povo judeu, bem recente, no mártir da paz. De uma forma sui generis, nós temos, próximo ao Parque Maurício Sirotsky Sobrinho, na parte detrás desta Casa, o Bosque Osvaldo Aranha. Vejam que estamos cercados de grandes simbologias, que nos vinculam e nos ligam de forma muito próxima, estreita ao Estado de Israel. Não é só este Vereador que tem a condição judaíco-brasileira, mas é do conjunto, é a expressão dos 33 Vereadores desta Casa, que têm a nítida e clara compreensão do que representa, modernamente, para a humanidade, o Estado de Israel. Entendemos que essa situação é muito próxima, não só nós, herdeiros de uma tradição judaica, mas toda a humanidade.

Hoje, neste momento, os olhos dos brasileiros, os olhos dos americanos, de ambos os continentes, os olhos do mundo estão voltados para as eleições que se realizam, na próxima segunda-feira, no Estado de Israel, e que têm grande importância, não só para os judeus do mundo inteiro e para o Estado de Israel, mas têm uma importância extraordinária para o conjunto da humanidade. Temos a convicção, pelo enraizamento das tradições libertárias e democráticas, tão bem expressas no Estado de Israel, que de parte de qualquer uma das correntes políticas que vier a vencer o processo eleitoral, haverá um compromisso de uma paz permanente para aquela região e um compromisso profundo com o respeito àquilo que é sagrado, o compromisso com as instituições, com a manutenção da estrutura das instituições democráticas, o que levou o Primeiro-Ministro, de uma forma sui generis, a submeter-se a uma eleição, e quando não encontrou mais o necessário respaldo, promoveu a realização de um novo processo eleitoral, a fim de que a correlação de forças estabeleça quem deve gerir o Estado de Israel nos próximos anos. É uma lição para todos nós, para o mundo, de democracia, de compreensão profunda daquilo que se construiu de melhor em termos de instituições, da estrutura de um Estado democrático, mas tem, também, não só nas visões modernas, contemporâneas, do ponto de vista da ciência política, raízes mais profundas, porque toda essa compreensão, todo esse processo que existe hoje em relação à estrutura do Estado de Israel, se encontra sedimentado em raízes profundas, no livro sagrado do povo judeu: a Torá. Nenhum momento da humanidade proporcionou, aos seres humanos, tantas experiências, tanta diversidade de informações, de avanços de conhecimentos tecnológicos e também de fatos profundamente marcantes da história da humanidade, como os que assistimos neste século, um século de profundas modificações, um século que não tem comparação a um outro momento da história da humanidade do ponto de vista das transformações. Nós somos, indiscutivelmente, seres privilegiados, porque vivemos num momento completamente atípico da história da humanidade. Não só na área dos conhecimentos tecnológicos, da informática, da transformação do mundo, do Planeta, numa grande aldeia, em que as informações nos são jogadas de todo o lado, desde a questão menor, envolvendo a municipalidade, até as questões maiores do mundo inteiro, diariamente estamos sendo atingidos por esse processo de informação. E Israel está inserido, como os demais países, neste contexto global, portanto, esta Casa, Sr. Presidente, nossos convidados, minhas senhoras e meus senhores, se sente extremamente orgulhosa de poder realizar esta homenagem, dando continuidade a um reconhecimento e a um trabalho profícuo, que foi a criação, a construção, e a consolidação de um Estado que serve de referência e paradigma para toda a humanidade. E no ano que vem, com tristeza, não teremos, certamente, a senhora aqui, Senhora Cônsul, mas fique certa de que o seu trabalho, no curso desses anos, deixou sementes aqui no nosso solo, e no ano que vem aqui estaremos novamente, comemorando o 52º aniversário do Estado de Israel, e assim por diante. Nós não só nos reuniremos aqui em momentos difíceis, como os que o Estado de Israel efetivamente já viveu, e necessitou de solidariedade mundial, mas nós estaremos aqui em quaisquer circunstâncias, fazendo esse ato profundo de reconhecimento do Estado de Israel. (Palmas.) Muito obrigado.

 

  (Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Consideramos extensão da Mesa: o ex-Presidente da Federação Israelita do Rio Grande do Sul, Maurício Soibelman; o membro do Conselho Superior Sionista Mundial, Dr. Jacob Halperin; o representante do Comando Militar do Sul, tenente-coronel, Jandir Leonel Pires; o Presidente da Organização Sionista do Rio Grande do Sul, Sr. Ghedale Saitovitch; o Presidente do Conselho de Cidadãos Honorários de Porto Alegre, Dr. Israel Lapchik; a Presidente da Na’Amat Pioneiras, Sra. Lúbia Zilberknop; o Presidente do Clube Hebraica, Sr. Roberto Schotkis; o Diretor Financeiro da Sinagoga União Israelita Porto-Alegrense, Sr. Izack Stifelman; as representante da Wizo, Ester Lerrer, Sra. Zeida Bacaltchuck e Sra. Anita Soibelman; a representante do Colégio Israelista, Sra. Ilse Wofchuk; Rabino Mendel; Rabino Ruben Najmanovitch; o Guia Espiritual da Sinagoga Centro Israelita, Sr. Iehuda Gitelman; o líder religioso da SIBRA, Sr. Guershon Kwasniewski; a representante da Aliança Feminina Sionista, Sra. Zoé Zinger Kvitko.

Eu solicito ao 2º Vice-Presidente desta Casa, Sr. Isaac Ainhorn, que assuma os trabalhos, para que este Vereador possa falar, em nome da Bancada do Partido dos Trabalhadores.

 

O SR. PRESIDENTE (Isaac Ainhorn): O Vereador Adeli Sell está com a palavra.

 

O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. Jerusalém: certamente, o berço da humanidade; e Porto Alegre: indiscutivelmente, o ancoradouro de povos. A generosidade, talvez fruto do sofrimento dos pioneiros desta Cidade, Porto dos Casais, aqui ancorou muitos sonhos. E ainda hoje, quando qualquer pessoa aqui chega, seja para uma missão, como da nossa Cônsul, que, lamentavelmente, se despede daqui, ou qualquer pessoa que para cá busca um lugar ao sol, não são os braços dos porto-alegrenses, mas, sem dúvida nenhuma, é a alma desta Cidade que se abre a todos os que aqui chegam.

Eu diria que Porto Alegre, como já disse um jornalista, é uma cidade sorriso, sim, Ver. João Dib, mas é mais do que isso: é uma cidade sorriso, porque é uma cidade de solidariedade.

E hoje, quando homenageamos os 51 anos do Estado de Israel, falava isso a um cidadão, no final da tarde, e ele dizia: mas por quê? Ora, senhores e senhoras, por quê! É preciso lembrar muito a busca incessante de um povo perseguido, maltratado ainda hoje na busca da sua terra, da sua nação, do seu país.

Quantos povos, hoje, existem por aí, que compõem uma nação, mas que está dividida porque não tem uma terra e não constituíram o seu país?

Quando vejo a tragédia de Denver, nos Estados Unidos, quando vejo colegiais, talvez ingênuos, não sabendo ao certo, porque falta-lhes conhecimento, falta-lhes a história como um background, com cadernos com suásticas, muros, casas com pichações, com palavras ofensivas a um povo, quando vejo o que acontece na dividida Iugoslávia, eu me convenço cada vez mais, Ver. Isaac Ainhorn, digníssimas senhoras e digníssimos senhores, que é preciso, sim, lembrar, por muitos e muitos anos, que no dia 14 de maio de 1948 fundou-se o Estado de Israel. Porto Alegre, tenho certeza, lembrará sempre dessa data e esta Casa marcará essa data, não apenas com este ato solene, porque esta Casa, seus Vereadores, marcam e lembram sistematicamente do povo de Israel. Porque aqui, como disse o Ver. Isaac Ainhorn, há nomes de ruas, de praças, de parques, enfim, aqui se inscrevem nomes e histórias, aqui a história não se apaga, aqui não há avalanche nenhuma que apague a história da humanidade, porque Porto Alegre sabe receber e sabe conservar.

É por isso que nós temos a grata satisfação de deixar aqui a nossa mensagem ao povo judeu, ao Estado de Israel, a todos aqueles que buscam a solidariedade entre homens e mulheres, entre os povos. Esta é uma data para se marcar.

Se, às vezes, e neste ano, infelizmente, não temos muito a comemorar por causa das tragédias e das dissensões entre homens que deveriam ser irmãos, temos que, pelo menos, marcar.

É isso que nós fazemos aqui, neste momento, em nome da Bancada do Partido dos Trabalhadores, dos seus doze componentes. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): O Ver. João Dib está com a palavra, pelas Bancadas do PPB, PSDB e PMDB

 

O SR. JOÃO DIB: (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Eu desejo ler uma frase de Albert Einstein: o mundo é perigoso não por causa daqueles que fazem o mal, mas por causa daqueles que vêm e deixam o mal ser feito. Isso disse Einstein. E há cinqüenta anos um brasileiro viu o mal e fez tudo que podia para impedir que ele continuasse sendo realizado. Osvaldo Aranha deu a solidariedade do povo brasileiro ao povo de Israel. E essa solidariedade, cinqüenta e um anos depois se mantém.

Hoje, nós vivemos em um mundo muito tumultuado; um mundo onde a guerra, que causa tanto mal, está sendo feita e discutida na televisão como se fosse uma coisa boa. Interesses de poucos prejudicando a vida que deveria ser tranqüila neste mundo. A OTAN bombardeando a Iugoslávia. Não quero discutir quem tem ou deixa de ter razão, mas não é a guerra que resolve os problemas do mundo. O mundo há de resolver os seus problemas pela paz, e tão-somente pela paz.

Eu vou ser breve, mas eu quero dizer a Senhora Cônsul, que tantas vezes nos honrou com a sua presença aqui em Porto Alegre, que sei que vai para uma nova caminhada . E eu quero que nesta nova caminhada V. Exa. possa ajudar, e muito, no seu caminho da diplomacia, a construir esta paz neste mundo que todos nós estamos precisando. E é com esforço de cada um de nós, que todos os dias deverá ser feita uma pequena conquista da paz. E se todos os dias nós conquistarmos um pedacinho de paz, um dia nós teremos a paz plena que nós tanto desejamos. E um dia nós poderemos dizer com toda tranqüilidade: paz, Shalon. E eu digo: saúde e paz! Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Temos a honra de conceder a palavra à Sra. Dorit Shavit, Cônsul-Geral do Estado de Israel.

 

A SRA. DORIT SHAVIT: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Em primeiro lugar, gostaria de agradecer, do fundo do meu coração, as palavras lindas sobre o povo e o Estado de Israel. Também agradeço a solidariedade que todos vocês expressaram para minha pátria e para meu Estado, que está comemorando no mês de maio o 51º aniversário de sua existência. Como vocês já tocaram o Hino Nacional do Estado e do povo de Israel, lá está escrito e cantamos (texto em hebraico), quero dizer: conquistamos ou conseguimos realizar um sonho milenar de ser um povo livre em nossa terra prometida, só há cinqüenta e um anos, que coincidentemente também aconteceu no mês de maio e, por isso, não por acaso, vocês escolheram este mês para prestigiar e homenagear a minha terra. Também aconteceu no mês de maio o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945. Essas datas que caem sempre no mês de maio são interligadas, porque os pioneiros, visionários, pensando sobre a soberania judaica, chegaram em Israel, convocaram seu povo, e, naquela época, não houve muita resposta, e até a comunidade mundial não aceitou a idéia de estender a mão ao povo de Israel, para estabelecer a independência para sua Pátria, para seu País. Só depois da Guerra a comunidade internacional, pelo menos a sua maioria, chegou à conclusão de que o povo de Israel também merece seu lar nacional. Deu certo, e uma das pessoas que mais ajudou a realizar esse sonho foi o gaúcho Osvaldo Aranha. Eu penso que esse momento é propício para falar um pouco sobre como ele ajudou, porque, como todos sabem, ajudou a presidir aquela Sessão Solene, em novembro de 1947, seis meses antes da proclamação do Estado de Israel pelo Primeiro Ministro Ben Gurion. Mas não somente presidiu aquela Sessão, porque isso qualquer um pode fazer. É um plantão que existe na ONU, não era o plantão dele, mas ele escolheu, pediu e fez questão de presidir essa Sessão. E aconteceu que na quinta-feira à noite, dia 27 de novembro de 1947, ele fez uma tentativa para ver como sairia a votação - não deu certo. Na sexta-feira pela manhã, o senhor que foi mandado pela Agência Judaica, para Nova Iorque, para ajudar na votação, recebeu uma ligação do representante da liga árabe, representante do Líbano, convidando-o para almoçar. Os dois não comiam porco, não haveria problemas nesse sentido! E comentou o representante libanês que os árabes haviam decidido aceitar a outra proposta. Como os senhores sabem, a ONU mandou para a Palestina, naquela época, uma comissão de sete pessoas que voltaram para a ONU com duas propostas: a proposta da maioria e a proposta da minoria. A proposta da maioria era a partilha e a proposta da minoria era fazer uma federação entre os árabes e os israelenses. Gostaria de chamar a atenção para que naquela época não se falava em palestinos, e nem a partilha fala. A partilha fala sobre o Estado árabe e o Estado judeu, não comenta sobre os palestinos, porque os palestinos mesmos não pensaram em si como um povo, eles representavam o sul da Síria naquela época. E o representante libanês comentou que os árabes aceitariam a segunda proposta, a da minoria. Ele ficou apavorado e comentou que só uma manobra daquelas, porque não queriam aceitar nem a partilha nem a federação. E como tinha ficado claro que a maioria optaria pela partilha, eles decidiram por apoiar a outra proposta. O “Bruno Fael” ligou para os americanos e perguntou como impedir essa proposta. E aqui entra a personalidade e a índole especial do Sr. Osvaldo Aranha. Sábado à noite, na Sessão, o representante do Líbano pediu a palavra e se pronunciou que gostaria que fosse mudada a Ordem do Dia, já que a Liga Árabe apoiaria a segunda proposta. O Osvaldo Aranha ficou falando com o Secretário da ONU e com os americanos, e falou: “Não, já acabamos de discutir propostas, agora só vamos votar, e a única proposta é a partilha.” Aí deu certo, graças a ele, e graças a pessoas como ele, Israel está comemorando, hoje, com a solidariedade de vocês, o 51º aniversário da existência.

Graças a Deus, Israel está bem, é um País vivo, vibrante, com cultura ampla, com literatura. Um País que fala a língua que estava morta durante dezessete séculos, com economia forte. E talvez o símbolo da existência e da essência seja esta história de duas cidades. Há uma história muito bonita: The tale of the two cities. A história de Israel também é a história de duas cidades. Tem, por um lado, a Cidade de Jerusalém, a fonte, a base, o núcleo da nossa existência, a tradição, a ética, todos os nossos valores. A rocha da nossa existência fica em Jerusalém. Lá existe a cidade velha, toda a nossa história. A 60 km de Jerusalém existe outra cidade, Tel Aviv. Tel Aviv é uma cidade moderna, contemporânea que comemora, este ano, 90 anos de existência. Como fala a Prefeitura de Tel Aviv, ela não pára em 90, querem dizer, não pára com 90 anos, não pára nos anos 90, não pára com a velocidade de 90 km por hora, e não param com a altura de 90 m os prédios de Tel Aviv. Essa é a ligação com o mundo, não somente com a sociedade judaica. Essa é a nossa ligação com o mundo global, com a economia, com o comércio forte, com toda essa atividade cultural e artística que existe em Tel Aviv. A maioria dos escritores, dos artístas plásticos moram em Tel Aviv, mas são espiados por Jerusalém. Eles moram em Tel Aviv sem esquecer a fonte, a base de Jerusalém, com esse símbolo estamos andando para fora. O Estado de Israel é o Estado dos Judeus, mas também é o Estado Judaico que mora agora, no presente, no futuro, sem esquecer a fonte, o passado e a nossa tradição.

Muito obrigada por esta homenagem maravilhosa. Como vocês sabem, não vou ficar aqui no ano que vem, mas tenho a certeza absoluta de que esta tradição maravilhosa que vocês seguem vai continuar nos próximos anos. Muito boa-noite. (Palmas.)

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: Convidamos todos os presentes para, em pé, ouvirmos o Hino Rio-grandense, executado pela Fanfarra do Comando Militar do Sul.

 

(Executa-se o Hino Rio-Grandense.)

 

Agradecemos mais uma vez a presença de todos. Convidamos todos para participarem de um coquetel no final desta Sessão.

Poderá não ser perfeita a nossa pronúncia de “Shalon”, mas espero que a paz que almejamos seja perfeita. Boa noite.

Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.

 

(Encerra-se a Sessão às 20h.)

 

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